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Burnout ou cansaço? Saiba diferenciar – e evitar – o surgimento dessas condições no dia a dia


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Tudo começa com um sentimento de fadiga, aliado a doses de estresse e sintomas físicos que variam de dores de cabeça a queimação no estômago. De repente, a carreira que antes era motivo de orgulho se transforma em um fardo insustentável. Esse é o cenário no qual vive 30% da população brasileira que sofre com a síndrome de Burnout, segundo dados da associação International Stress Management Association (Isma).

Reconhecido como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o início de 2022, o transtorno consiste em um estado de esgotamento físico e mental permanente. Por isso, muitas vezes os profissionais acabam impossibilitados de trabalhar normalmente, passando por um período de tratamento que vai, normalmente, de poucos meses a um ano.

Atualmente, o Brasil  ocupa a segunda posição entre os países com maior número de casos da doença, segundo a Isma. Apesar disso, especialistas afirmam que a subnotificação ainda é um problema comum do transtorno,já que seus sintomas podem confundir os pacientes e dificultar a diferenciação entre o cansaço comum e o patológico.

Diferença entre cansaço e esgotamento está na duração

“Tudo se refere à intensidade e frequência”, destaca a psicóloga Edwiges Parra. Enquanto alguns dias de trabalho pesado costumam desencadear uma sensação de fadiga no fim da semana – que geralmente chega ao fim após o merecido descanso -, o Burnout é  caracterizado por um abatimento que continua mesmo quando o expediente acaba. “Ele é a última escala do cansaço. Para chegar nele é um processo longo”, explica.

Outro fator a ser levado em consideração é o impacto das duas condições para a saúde mental e física do profissional. A mentora de carreira Dani Costa destaca que o cansaço não chega a interferir substancialmente nesses dois fatores, já que seus sintomas podem ser aliviados com repouso. Por outro lado, o esgotamento total traz uma série de consequências ao indivíduo. “O Burnout gera ausência de sono, dificuldade de concentração, problemas na execução de atividades de rotina e episódios de desmaio, vômitos e dores de cabeça recorrentes”, completa.

Em média, o período de duas semanas contínuas de cansaço e sintomas atribuídos já pode levantar a suspeita de algo mais sério, pontua Edwiges. Nesses casos, é importante consultar um especialista de saúde mental para avaliar o quadro geral do transtorno, que muitas vezes pode vir acompanhado de outras condições. “A maior dificuldade em se recuperar 100% de um Burnout vem do fato de que ele costuma desencadear outras doenças, inclusive ansiedade crônica. Por isso, uma vez diagnosticada, a pessoa terá que adaptar a sua rotina para o resto da vida”, afirma.

Segundo a psicóloga, o contrário também é verdade: profissionais que já possuem histórico de estresse emocional ou depressão acabam alcançando o estágio de esgotamento mais facilmente. “Muitas vezes você encontra grupos com o mesmo cargo, na mesma empresa e compartilhando um único ambiente de trabalho. Daí vem a pergunta: por que alguns têm a mente afetada e outros não?”, questiona. Outros fatores, como o estilo de vida e a personalidade, explica Edwiges, também são capazes de tornar alguns indivíduos mais suscetíveis ao transtorno, principalmente aqueles que possuem traços relacionados à autocobrança e necessidade de controle. “Isso não descarta a responsabilidade da empresa. Se após uma mudança na gestão ou na composição da equipe existir uma sobrecarga de trabalho, a tendência da doença surgir aumenta, ainda mais em um contexto onde as pessoas tendem a aceitar qualquer coisa para não ficarem desempregadas”, completa.

Ferramentas podem servir de apoio, mas autoconhecimento é a chave da prevenção

Ao longo do primeiro ano da pandemia, o Ministério do Trabalho do Brasil reportou um aumento de 28% na concessão de auxílio-doença provocada por transtornos mentais e comportamentais. De modo semelhante, um levantamento feito pela recrutadora Kenoby mostrou que 67% dos líderes de recursos humanos confirmam que a empresa já teve algum funcionário afastado em decorrência de problemas emocionais.

Dessa forma, torna-se evidente o interesse das companhias em evitar e identificar o problema da maneira mais eficiente possível. O primeiro passo, segundo a mentora de carreira, deve ser reconhecer a existência da questão e traçar uma estratégia com base no bem-estar dos colaboradores. “Algumas das ações incluem investir em lideranças mais conscientes e trabalhar conceitos de segurança psicológica no trabalho, bem como o desenvolvimento de equipes prósperas e o incentivo à produtividade consciente”, afirma.

Somado a isso, Edwiges ressalta que é indispensável a presença de um profissional para cuidar exclusivamente da saúde mental do time, de forma que os colaboradores sejam amparados em casos de problemas pessoais ou surgimento de transtornos como estes. “Não cabe aos gestores e nem ao RH fazer papel de terapeuta nessas horas. É muito comum que os profissionais passem por obstáculos emocionais ou familiares sem que os líderes sejam avisados. Mudanças de humor, socialização ou baixa produtividade podem indicar isso, e nessas circunstâncias cabe aos supervisores apenas reconhecer o problema e encaminhar para o especialista no assunto”, conclui.

Em relação à prevenção, para ambas as especialistas a principal maneira de fugir das estatísticas de doenças ocupacionais é apostar no autoconhecimento como uma ferramenta de organização. “Quando eu sei quem sou, assumo responsabilidades condizentes com a minha verdade, habilidades e competências. Além disso, não me sobrecarrego assumindo tarefas e compromissos além do que dou conta”, destaca Dani Costa.

Apesar de reconhecer que algumas profissões estão mais ligadas a cobranças exaustivas e jornadas prolongadas de trabalho, como é o caso de executivos ou até autônomos, elas reforçam que o segredo está em conseguir equilibrar as esferas pessoais e profissionais de acordo com os próprios limites. Edwiges ressalta que esse é um dos pontos abordados no consultório psicológico, mas que é importante educar as pessoas para que elas sejam capazes de fazer esse autogerenciamento independentemente de tratamento ou do ambiente onde elas estiverem. “Costumo falar para os pacientes que essa jornada é toda deles. É você que vai acordar todo dia nesse corpo, então precisa saber o que fazer. Quem quer que a vida dure mais do que a carreira deve mudar”, diz.

Eql.com.br

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